O próprio início do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome é um caso controverso e que merece atenção. Criado em 23 de Janeiro de 2004, com o início do governo petista, o ministério foi chefiado durante aproximadamente seis anos pelo então ministro Patrus Ananias. Em um regime de troca de favores e a criação de mais um ministério desnecessário para acomodar novos parentes e amigos, a gerência do ministério alcançou resultados medíocres e insatisfatórios, permeada por escândalos. Escândalos estes que consistiam em periodicamente anunciar o risco provável da perda ou extinção do benefício.
Têm-se propagado o grande feito da saída de milhões de brasileiros da extrema pobreza e seu êxodo para a classe média. Acontece que o governo federal simplesmente diminuiu os critérios e valores que dividem as classes entre extrema pobreza, pobreza "normal" e a classe média. Pessoas que passaram a receber uma quantia mínima mensal, tendo R$50,00 a mais em suas receitas mensais, foram automaticamente consideradas parte da dita classe média. Essa mudança da extrema pobreza para a classe média não aconteceu por uma "distribuição de renda" ou por um enriquecimento real das pessoas, e sim, por pequenas bolsas assistencialistas e concessão de crédito fácil, às custas do endividamento de grande parte da população (especialmente estes que migraram e saíram da "extrema pobreza"), em especial os aposentados, que recorrem cada vez mais à empréstimos.
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O tumulto evidenciou a fragilidade do governo, e o aspecto de dependência da própria população |
Com uma dita nova classe de pessoas dependentes do assistencialismo governamental e endividadas, o Bolsa Família mostra seu verdadeiro propósito: manter os eleitores presos ao governo. O principal objetivo jamais foi redistribuir renda, mesmo por que o assistencialismo governamental é o pior meio de promover isto, tampouco foi o objetivo de produzir enriquecimento e ascensão social reais. O mais recente boato de que o benefício seria cancelado se espalhou como fogo em palha seca, e causou o tumulto de milhões de pessoas em todo o Brasil, desesperadas para sacar os respectivos valores.
O governo tratou o ato como uma tática de desestabilização da oposição, um "ato mal intencionado". Mas ao que tudo indica, estes atos são apenas mal intencionados quando feitos por fontes externas do governo, já que uma das táticas de reeleição é justamente expor o risco que os beneficiários correm de perderem seus programas caso o governo não seja continuamente reeleito. E ao que tudo indica, a própria militância petista foi responsável pela divulgação do boato.
Uma população realmente enriquecida e independente (resultados reais de uma renda bem distribuída) não atua com desespero diante de um simples boato. Uma população realmente desenvolvida e com melhoria real de renda, não necessita sequer de paternalismo estatal. O último boato serviu para mostrar a fragilidade do governo, o desmérito de um benefício que claramente serviu para compra direta de votos e o quanto a população é fraca e dependente de benefícios estatais risíveis, provando que o desespero com a provável perda do benefício expõe simplesmente o quanto o orçamento do brasileiro comum está apertado, escasso e insuficiente. Pessoas que possuem as contas em dia dificilmente se espremem contra portas de vidro para garantirem quantias risíveis.
Não foi a primeira e tampouco será a última ocasião em que este tipo de boato se espalha. As próximas serão programadas, e divulgadas pelo próprio governo, no máximo até 2014. Conforme manda o protocolo petista, é claro. E lembre-se: só é ilegal e imoral se o governo não o fizer, apenas o boiadeiro tem direito de bater no gado.
Ótimo texto!
ResponderExcluirE a propósito, qualquer pessoa vê que a notícia do fim do Bolsa Família partiu do governo, para testar o apelo que esse programa possui diante do seu rebanho. E deu no que o governo quis; não estranhemos que futuramente mais programas paternalistas surjam pra comprar votos como o Bolsa Família faz.
Outra coisa que também podemos notar no Bolsa Família, é que ele é uma modernização do voto de cabresto praticado durante a República Velha.
ResponderExcluirMais um texto excelente. Já ganhou uma leitora assídua, Jean. rs Parabéns!
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