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terça-feira, 18 de junho de 2013

A diferença entre Corporativismo e Capitalismo

O Mercantilismo foi um importante processo na etapa evolutiva do capitalismo, especialmente a estruturação da economia europeia na Idade Moderna. A busca de mercados era uma das metas, entretanto, medidas protecionistas eram tomadas: o incentivo ao consumo das mercadorias nacionais era um ponto forte.




Uma grande confusão é feita envolvendo dois conceitos distintos, mas com um número considerável de pontos em comum. As noções de capitalismo e corporativismo esbarram em subjetividades, falta de percepção ou até mesmo confusão ideológica, o que causa desentendimento na orientação entre as duas doutrinas. Podemos traçar o capitalismo como um processo evolutivo que seguiu três etapas: a expansão regional, a expansão internacional e a expansão global.



O capitalismo não foi um processo ideológico ou político pré-definido, estratégico e com datas definidas. Foi o processo lento, gradual e natural do desenvolvimento das atividades econômicas florescidas desde a época medieval (iremos levar em conta apenas as atividades comerciais da Europa, base para o capitalismo que temos hoje, embora a modalidade não seja algo essencial e exclusivamente europeu). Uma evolução natural à prática do escambo, podemos definir como início do germe capitalista a cunhagem e padronização de moedas, pesos e medidas. Os inúmeros padrões dificultavam e limitavam as trocas comerciais, e a unificação cada vez maior em torno de um padrão comum facilitou o processo. 

O combate aos efeitos nocivos do corporativismo é feito ingenuamente com uma ideologia profundamente anti-capitalista.

As práticas comerciais, antes limitada pelas restrições feudais, ganhavam espaço e destaque dentro do continente. Eventos como feiras e mercados instalados nas cidades facilitavam as trocas tanto entre feudos quanto a possibilidade da ampliação de negócios entre os próprios comerciantes. Eventos como as Cruzadas ajudaram a ampliar e retomar um aspecto "internacional" das trocas, e o fluxo de mercadorias do Oriente, com a retomada de rotas comerciais com a China e a Índia, bem como o comércio instalado com os árabes. A retomada do mar adriático de piratas e mercenários árabes contribuiu para um maior fluxo e volume de mercadorias nos portos que faziam ligação entre Europa, África e Ásia.


O aspecto "global" do capitalismo surgiu com o expansionismo colonialista europeu, expandindo os mercados para as Américas e regiões da Oceania (especialmente a descoberta da Austrália, uma colônia britânica inicialmente penal, que tornou-se próspera através da iniciativa particular dos desbravadores que mapearam o interior do país continental).
O corporativismo não é uma evolução direta do capitalismo, e sim o preenchimento de uma lacuna com alguns conceitos capitalistas. O nome, comumente usado mas pouco conhecido, identifica uma doutrina que atingiu seu desenvolvimento pleno na Itália fascista. Não se trata de um sistema econômico, e sim político. No corporativismo, o poder legislativo é atribuído a corporações que representam os interesses econômicos, profissionais e industriais. Essas corporações são nomeadas através de associações de classes, através das quais os cidadãos participam da vida política.



Enquanto o marxismo prega uma luta de classes, o corporativismo atua como um fator de "união" e cooperação de classes, com a preservação do conceito e do direito à propriedade privada. O problema do modelo corporativista é o enorme espaço preenchido por poucas empresas ou indústrias, onde sua significância é tomada no ponto em que se tornam mais "representativas" do que outras. O casamento entre estas representações econômicas e o Estado gera enfraquecimento de empresas rivais e pouco espaço para concorrentes, o que leva a uma menor oferta de serviços.



A livre iniciativa é na verdade, a maior agente reguladora de si mesma. Empresas, pessoas e ideias incompetentes podem sofrer boicote dos consumidores, em uma economia com ofertas e opções, já que não há monopólio ou unilateralidade de serviços.


Os pontos em comum com a doutrina capitalista são os ganhos de lucro e a maior exploração do mercado. No corporativismo, o alcance de público e o retorno de lucro são essencialmente parecidos com os aspectos capitalistas, já que a propriedade privada é mantida, porém com o diferencial de fatias de mercado tomadas por um número mais restrito de corporações. Um dos objetivos do capitalismo é o maior ganho de público e a maior conquista de mercados consumidores, além da obtenção da maior quantidade de lucro possível.


Entretanto, o capitalismo se desenvolveu em um sentido de permitir a livre iniciativa. A livre iniciativa é um conceito também inerente ao capitalismo, já que a dominação de mercado gera a diminuição de oferta de serviços, e o monopólio dos mercados tendencialmente leva à uma alta de preços e uma baixa qualidade de serviços. Em um regime de livre mercado baseado no capitalismo, a concorrência e a competição pelos mercados leva a uma melhoria nos serviços, uma diminuição nos preços e uma maior oferta aos consumidores. Nenhum outro sistema econômico produz com mais fartura que o capitalismo.


Enquanto o corporativismo foi um movimento ideológico, político e econômico definido, com fases desenvolvidas e aplicação prática, os conceitos capitalistas foram evoluções naturais do comércio, do direito civil, da filosofia grega e da emancipação do homem na garantia de suas liberdades individuais. Ao combaterem o corporativismo colocando-o sob o mesmo jugo do capitalismo, o entreguismo do mercado e dos serviços às mãos estatais agrava e beneficia o corporativismo, já que o Estado é uma corporação em si mesmo, e prejudica a livre iniciativa que é possível tão somente nas diretrizes capitalistas. O passo ideal é o Estado tratado e visto como também uma corporação, não competidora, mas opcional, proporcionando serviços públicos de qualidade sem excluir ou limitar a participação de serviços de livre iniciativa, do setor privado. As licitações e concessões estatais aos serviços geram este corporativismo com os aspectos negativos do capitalismo: ação predatória do mercado por poucas corporações.


É o que acontece atualmente no país, onde o Estado altamente inchado coloca-se como um dos principais prestadores de serviços, concedendo limitados espaços especialmente no ramo de construção civil, transporte público, saúde e segurança, através de apadrinhamentos políticos e troca de favores. Se o mercado é definido pelos consumidores, e o Estado não deixa de ser uma empresa, ao se mostrar inapto e incompetente na prestação de serviços, deve não só ceder espaço, como procurar uma melhoria de seus próprios serviços.


O efeito negativo no mercado, como as situações atuais em grande parte dos países integrantes ao bloco da União Européia, e também os EUA, são resultados diretos das ações e efeitos corporativistas e medidas unilaterais e taxativas. A crise dos EUA iniciou com a medida socialista de concessão de crédito imobiliário, através de uma imposição do governo aos bancos. Através de empréstimos, os norte-americanos adquiriam imóveis, mas não conseguiram pagar o retorno aos bancos. Como resultado, hipotecaram as casas, que com a desvalorização não chegaram a cobrir os valores dos empréstimos. Os bancos necessitaram recorrer ao auxílio estatal, e inevitavelmente um grande número deles acabou quebrando. Não seria nada ilógico afirmar que a crise atual nos EUA é consequência direta da mistura de medidas socialistas e ações corporativistas.


Na União Européia, a corrupção e imposição corporativista das potências do bloco, aliada à ingerência política (especialmente em países como Grécia e Portugal) levaram à quebra de mercados também extremamente corporativistas, e medidas cada vez mais protecionistas impediram a reestruturação e recuperação econômica. As populações inutilmente lutam contra os "efeitos maléficos do capitalismo", recorrendo a um auxílio estatal, quando o próprio Estado é o maior agente e causador destes efeitos. Promovendo o monopólio estatal e militando contra os benefícios da iniciativa capitalista, o quadro de degradação econômica se agrava. A Grécia atualmente possui mais de 40% da população em estado de desemprego.


Os maiores geradores de desemprego e da perda do poder aquisitivo não são as atividades empreendedoras capitalistas em si, muito pelo contrário. A livre iniciativa cria oportunidades de emprego e busca o menor custo no processo e o preço mais competitivo. A burocracia estatal, os alto encargos tributários (tanto aos cidadãos quanto às empresas) limitam o mercado e retiram poder de compra dos cidadãos, o que faz com que as empresas tenham menos possibilidades financeiras de contratar, gerar empregos e disponibilizar serviços. Fatalmente, o próprio Estado responsabiliza a iniciativa privada por quaisquer efeitos negativos no mercado, colocando-se como mero expectador ou agente opositor do processo.



Exigir maior demanda do Estado, uma empresa corrupta e ineficiente, é incentivar a morosidade, a inadimplência e a incompetência, favorecendo o próprio corporativismo e a criação de monopólios e carteis econômicos. A diversidade de serviços e a divisão das fatias do mercado são pontos chave que unem os aspectos positivos do capitalismo e da oferta de serviços estatais.

Um comentário:

  1. O Capitalismo não visa mayor ou menor lucro. Elle é apenas a pura técnica. Portanto, o Capitalismo é apenas uma forma de se effectuar commércio de producção e acumulação de lucro. Mas este lucro não precisa ser o mayor possível.

    O Capitalismo permite, por ser uma técnica, que se possa scientíficamente dispor de ferramentas para aumentar ou diminuir o lucro. Quem define isto é o proprietário e não o systema.

    Se se quiser ter menos lucro pode aplicar-se a técnica para esta finalidade. O problema é que o sujeito com mentalidade utilitarista passa a ver o capitalismo sob seu prisma e com isto propala sobre o Capitalismo um monte de besteiras que na verdade não são inerentes ao Systema Capitalista mas sim ao modo de pensamento deste sujeito.

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